segunda-feira, 30 de novembro de 2009

a república parece inesgotável nos fatos que a condenam no Brasil

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Fonte: www.jaymecopstein.com.br - 30.11.2009

A campanha suja e baixa

Carlos Brickmann (*)


Será difícil optar por um candidato se, em vez de analisar aquilo que tem na cabeça, tivermos de avaliar aquilo que é capaz de fazer da cintura para baixo.

Até que, de certa forma, o mundo avançou: antigamente a luta pelo poder se dava pelo assassínio dos inimigos, hoje se dá apenas pelo assassínio de reputações. Mas, tirando alguns militantes mais ferozes, daqueles que torcem pela morte dos adversários (de preferência com requintes de crueldade e muito sofrimento), ninguém pode ficar feliz com o nível da campanha eleitoral brasileira.

O reconhecimento de um filho fora do casamento pelo ex-presidente Fernando Henrique virou campanha de patrulheiros que reclamam da falta de manchetes diárias de todos os jornais do país nos últimos 18 anos (mais de um milhão de notícias citadas no Google, acreditam, é pouco; acham que a história foi ocultada).

O retorno veio rápido: a declaração do antigo guerrilheiro e preso político César Benjamin, fundador do PT, de que o então candidato Lula lhe teria dito que na prisão tentou obrigar um jovem, ligado ao Movimento de Emancipação do Proletariado, MEP, a submeter-se a suas investidas sexuais. É apenas, saliente-se, a palavra de Benjamin; não há nada, nem ninguém, que a referende.

E estamos a quase um ano das eleições. No ano que vem, o nível tende a baixar ainda mais, a menos que partidos e candidatos acertem um código de conduta. Será constrangedor discutir, em vez de projetos de Governo para o país, quem tem conduta pessoal menos inaceitável.

Será difícil optar por um candidato se, em vez de analisar aquilo que tem na cabeça, tivermos de avaliar aquilo que é capaz de fazer da cintura para baixo. Nosso país merece mais do que isso.

Uma do Juquinha

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, certamente influenciado pelo clima rasteiro da campanha, é o autor desta grande frase: "Eu sou assim. Meu pinto, meu estômago, meu coração e meu cérebro são uma linha só. Não sou um cara fragmentado". O problema é que a ordem dos fatores altera o produto. Um ministro deve raciocinar com o cérebro, ainda mais sendo ministro da Cultura.

Outra do Juquinha

Juca é do Partido Verde, de Marina Silva. O partido concorda com ele?

Tremei, Obama!

Por esta o presidente americano Barack Obama não esperava: o Supremo e Absoluto Juiz Universal da Política Internacional, Marco Aurélio Garcia - o assessor do presidente Lula a quem o jornalista Augusto Nunes, sem maldade, chama de "uma boca à espera de um dentista" - declarou-se decepcionado com a política externa americana. Obama treme: já sente os miasmas do inferno.

Obama, tremei!

O presidente Lula também assusta o líder americano: diz que o Brasil não reconhecerá o resultado das eleições em Honduras - que os EUA se comprometem a aceitar - e que sua posição é inamovível. Mas Lula assusta menos: na hora H, se for preciso mover a posição inamovível, sempre estará por perto o senador Aloízio Mercadante, aquele que é capaz de revogar posições irrevogáveis.

Questão de credibilidade

O ministro Edison Lobão disse há menos de uma semana que o Citigroup, um dos maiores bancos do mundo, foi oferecido ao Brasil, que não quis comprá-lo. O ministro Mantega negou a informação. E nenhum mercado se abalou. Se alguém no planeta acreditasse em Lobão, as Bolsas estariam tremendo até hoje.

A moça do mau tempo

Por falar em Bolsas trêmulas, um lembrete: quem se colocou como embaixadora informal do Dubai, buscando levar empresários brasileiros para lá e prometendo até aprender árabe, foi Marina Mantega, filha do ministro Guido Mantega. O Dubai, que suspendeu os pagamentos, pode gerar grave crise internacional.

Isto é uma padaria. Faz pão.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, empresário socialite-socialista, assumiu sua candidatura ao Governo de São Paulo. A reunião com militantes foi importante não apenas por isso, mas por ter se realizado numa padaria - nunca dantes neste país, como diria uma personalidade, Skaf estivera em local semelhante. O empresário disse que aderiu à legenda socialista para disputar a eleição estadual.

O jornal como ele é

Esta não dá para perder: a primorosa entrevista de Fernão Mesquita, um dos herdeiros de O Estado de S.Paulo. Fernão, filho de Ruy Mesquita, neto do lendário Júlio de Mesquita Filho, é articulado, culto, bem-informado, e solta a língua na conversa com Marco Lacerda. O programa vai ao ar hoje, domingo, às 21h, na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte, FM 100,9, ou pela Internet, em www.inconfidencia.com.br, link "ouvir FM", com excelente qualidade de som.

Dinheiro na água

O Ministério da Defesa pediu empréstimo de R$ 11,2 bilhões a bancos franceses para o Programa de Desenvolvimento de Submarinos. O programa prevê a construção de uma base e de um estaleiro, e a produção de um submarino atômico e quatro convencionais. Os franceses ganham vendendo tecnologia, equipamento e cobrando juros, a Odebrecht ganha por construir base e estaleiros sem concorrência, a Marinha ganha seus submarinos. Você, caro leitor, paga.

(*) Carlos Brickmann, colunista do Observatório da Imprensa, do Diário do Grande ABC, antigo editor-chefe da Folha de São Paulo, é dono de invejável currículo no jornalismo brasileiro.
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Comento: Fora um ou dois pontos que se podem reputar anedóticos, no sentido que este adjetivo assume em espanhol, tudo o mais denota o dia-a-dia da república no Brasil.

E qual a alternativa à república? A monarquia, no âmbito do Estado Democrático de Direito.

No Brasil, inequivocamente, isto significa a instauração do Império e a inserção da Tradição nacional na contemporaneidade, à luz dos melhores estudos sobre Instituições Políticas, Economia e sobre a realidade brasileira.

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