terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Parábolas" - muito mais que "parábolas"!

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Fonte: http://www.jaymecopstein.com.br/ - 27.10.2009 - Editorial

"Parábolas"

Jayme Copstein

Fica-se sabendo da notícia e não há como não passar o resto do dia sem elucubrar sobre tão notável decisão: Zé Sarney vai desativar seu memorial. É uma grande perda para a humanidade e também para a vasta lista dos “nunca na história” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Memorial erigido em vida e pelo próprio homenageado, com toda a certeza era o único no mundo. Todos os demais foram homenagens de discípulos e admiradores.

A única conclusão possível é a de que o grande taumaturgo do Maranhão entrou em penitência. Ele, cujo maior milagre foi a multiplicação dos pães e das bolachinhas de genro Jorge Murad, sem contar o “crescei-vos e multiplicai-vos” da devota Família Sarney pelas suculentas tetas do Erário Público, expôs sua vida e obra no altar da História.

E então, na hermética parábola eleitoral de Lula da Silva, a da aliança de Jesus e Judas, surgiram as mesmas palavras misteriosas que assombraram o festim de Baltasar na velha Babilônia: “Mane, tecel, fares – contado, pesado e dividido”.

Convocados, os profetas concordaram na essência, mas divergissem na forma: “Contado, pesado e dividido irmãmente, deu pra tua bolinha,” decifraram uns. Com certa leviandade, “Desta vaca não sai mais leite!”, interpretaram outros. Mais objetivos, porém, acrescentaram: “Está na hora de cantar em outra freguesia.”

Ciro? Serra? Ou viola no saco?
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comento: Sarney parece bem emblemático da "Nova República" (1985-...), que de "nova" tem pouquíssimo e de "república" tem muito, demais, na verdade...

Dá para assinar embaixo da frase do jornalista Jayme Copstein, ecoando os seus metafóricos profetas: "Está na hora de cantar em outra freguesia", não apenas em relação a persongens determinados da nossa História recente, em meio aos útlimos 120 anos, mas também em relação ao equívoco republicano advindo do golpe de 15.11.1889...

Os personagens, se tem sua culpa, aura e tentáculos próprios, só os tem porque submersos na máquina de mal governar que a república, em todos os seus avatares, implantou, e reitera, no Brasil.

A hora de instaurar ("restaurar"? não!) um novo tipo de governança, nos quadros do Estado Democrático de Direito e da contemporaneidade, está aí, cada vez mais, diante dos nossos olhos.

Há quem duvide?

Um comentário:

Palude1986 disse...

Temo que a monarquia seria tão desrespeitada e motivo de escárnio quanto a República. Especialmente se algum dos Reais resolvesse aprontar.