quarta-feira, 28 de outubro de 2009

-----
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/nahum/2009/10/25/o+mundo+assustado+com+o+rio+de+janeiro+8933999.html

(esse texto também foi publicado em http://www.copstein.com.br/ - 28.10.2009, sob o título "O Rio assusta o mundo")


"O mundo assustado com o Rio de Janeiro"


Nahum Sirotsky -correspondente IG em Israel - 25.10.2009, 22h22


TEL AVIV – Dubai, um dos sete emirados do Golfo Arábico, é a cidade mais segura do mundo. Não há crime, e por incrível que pareça, nem drogas. A lei é duríssima e a liderança é excepcionalmente inteligente.

Por todos os cantos operam bandos de traficantes extremamente violentos. Com a droga transformada em bom negócio, os bandos em Israel, famílias como chamam, dão muito trabalho a policia. Praticam todas as espécies de crimes. Mas, a guerra pelo controle da droga, do lado mexicano da fronteira com os Estados Unidos é a mais violenta conhecida.

Fala-se de milhares de vítimas por ano. Os Estados Unidos são o maior mercado mundial consumidor de todos os tipos de drogas. A coca vem, via México, por todos os meios e exportada da Colômbia, a maior produtora mundial. A heroína do Afeganistão, maior produtor mundial de papoulas e ópio.

Lembro dos morros do Rio em dias mais tranquilos. No morro dos Macacos estive pela ultima vez levando um pivete que tinha tentado me assaltar. A Delegacia do Menor lá ficava por decisão de algum governante imbecil. Sitiada por inimigos de morros próximos como a Mangueira. Mas nunca vi nada como derrubada de helicóptero e 45 mortos. Na mídia internacional fala-se de 20 mil assassinatos cometidos no Rio por ano. Em cerca de 9 anos de guerra no Iraque e Afeganistão não morreram dez mil soldados. Em oito guerras não somam 20 mil vítimas as perdas de Israel.

A guerra mais violenta atual acontece entre grupos de seitas muçulmanas opostas. Não se tem números exatos de sunitas e xiitas que se mataram. Há um dia num atentado em Bagdá, Iraque, dois homens-bomba se fizeram explodir e mataram mais de 150 sunitas e fizeram dezenas de feridos. Os sunitas são 90% por cento dos muçulmanos, e os que afirmam cumprem a religião como herdadas de Maomé, o profeta. Os xiitas, menos de 10%, cumprem rituais que os sunitas qualificam de heresia.

Muçulmano que morre em suposta defesa da pureza do Islã, matando infiéis, os que não praticam a fé, são shaids, mártires. E recompensados com imediata ascensão ao Paraíso, a uma vida ideal. Não sei como chamar os muçulmanos que assassinam uns aos outros, pecado na Shaaria, a lei da religião. Mas é guerra que cansou a mídia. A do Rio teve o maior destaque. Lembrou-se que é campeã mundial. É terrorismo que não se descobriu como derrotar.
-----
comento: Rio de Janeiro, um "case" de deterioração urbana aguda, que vem se mantendo assim por toda a última geração, há bem mais de 20 anos.

Um "case" que é um descaso para com a antiga capital do Império do Brasil, tempo em que as falcatruas que deslancharam com a construção de Brasília não tinham se dado à mostra, nem as "mordomias", endossadas pelos recentes governos militares, hoje, transmutadas nos "cartões corporativos"...

Cidade de funcionários públicos, sem povo, destinada a um 'articulado de politburos', no seu conceito de sede de um centralismo-democrátio-popular tropical, pelos seus criadores, já na prancheta arquitetônica-urbanística, Brasília vem deixando o Rio, como a vaca da estória, "ir para o brejo".

Coisas da nossa república, que se mal fazem aos brasileiros, só se pode enxergar com nitidez, vistas de fora, como no texto do Nahum.

(Isso para não falar na montanha de cadáveres que isto representa, também em termos mundiais, e no zumbido das balas perdidas - que mostram que os desarmados, neste país republicano, são os cidadãos comuns, não as bandidagens.)

Um comentário:

Unknown disse...

Dubai, um dos sete emirados do Golfo Arábico, é a cidade mais segura do mundo. Não há crime, e por incrível que pareça, nem drogas. A LEI É DURÍSSIMA E A LIDERANÇA É EXCEPCIONALMENTE INTELIGENTE.

Imagina se as leis fossem duríssimas em todos países???

Sobre as mortes nas guerras em comparação com outros "tipos" de mortes, o engraçado é a distinção entre as mesma, visto parecer no noticiário por exemplo ser pior 100 mortes por gripe do que mil em um ataque bomba.

Otimo texto.
Abraço